quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Guia politicamente incorreto dos anos 80 pelo Rock - Lobão

Lobão é uma figura caricata e conhecida pelos brasileiros, visto que suas músicas, pelo menos uma meia dúzia delas, tocava incessantemente nas rádios brasileiras nas décadas de 80 e 90. Emplacou, mas não permaneceu no topo do Rock ou da música brasileira. Vale ressaltar que não se trata de um livro que conte a história do Heavy Metal no Brasil, apesar de trazer alguns poucos comentários, bem poucos mesmo, sobre a cena metálica no Brasil.

O livro se concentra na narrativa dos acontecimentos das grandes cidades e se atém às bandas que alcançaram o tão sonhado Mainstream nacional, apesar de trazer comentários sobre bandas que não alcançaram grande reconhecimento. Vale notar que algumas das bandas que nunca chegaram ao estrelato, segundo o relato e visão do autor, tiveram grande impacto na consolidação e inspiração para algumas das grandes bandas de Rock nacional.

Descrevendo ano a ano, iniciando em 1976 e encerrando em 1991, relatando as histórias vivenciadas e conhecidas por Lobão e os lançamentos de álbuns de algumas bandas de Rock em cada ano. Na maior parte do livro há relação entre o lançamento de algum disco/banda do Rock com algum lançamento de alguns dos conhecidos nomes da MPB. E passa o livro todo tentando "justificar" e ressaltar a qualidade superior do Rock frente ao pensamento "medíocre" vigente na música, em especial na MPB. Achei completamente desnecessário esse contraponto, mas quem sou eu na fila do pão? Lobão deveria ter conversado com qualquer integrante de qualquer banda de Metal da década de 80 para ter uma ligeira noção do que foi a falta de oportunidade e espaço!

Interessante encontrar no relato situações e momentos da música da infância, a década de 80 representou a minha passagem da infância para a adolescência, então escutei muito do que ele relata no livro e do meu ponto de vista o Rock não era tão medíocre quanto ele sentia, mas esse é o meu ponto de vista.

Apesar de discordar de quase todos os pontos políticos e ideológicos do Lobão, e de ter me decepcionado por conhecer o viés político e ideológico que ele carrega, não dá para negar que o trabalho relata com grande fidelidade as mazelas pelas quais o Rock teve que se submeter quando começou a ser capitaneado pelas grandes gravadoras e de como era o cenário da música aqui no Brasil nesse período. Uma pena que muitos talentos ficaram pelo caminho por falta de espaço e pela mesma falta de espaço a renovação das gerações "rockeiras" não ocorreu!

Para quem viveu a época, vale ler, para quem não viveu, é um bom começo para ter um vislumbre do que representou a década de 80 para a música nacional.


quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Heavy Metal - A História Completa

Ganhei este livro de um amigo editor do Metal Na Lata, em 2017. Esse amigo atualmente apresenta um programa em uma web radio (Rádio Cidade - https://aovivocidade.com/rock) e me convidou para falarmos sobre plataformas de Streaming. Durante a entrevista lembramos do livro e na hora percebi que nunca havia feito uma resenha sobre ele, então vim reparar esse equívoco.

O livro foi escrito por Ian Christe e lançado em 2003/2004 nos Estados Unidos, aqui no Brasil a primeira edição saiu em 2010, pela editora Benvirá, traduzido pela Milena Durante e por Augusto Zantoz. A resenha das dobras das capas foi feita por ninguém menos que Andreas Kisser.

O livro relata de forma dinâmica a história do Heavy Metal, vivida e pesquisada pelo autor, mas vale deixar registrado que a história relatada aqui é basicamente, e quase que exclusivamente, de eventos ocorridos nos Estados Unidos e Inglaterra. Então o subtítulo do livro: "A história completa" não se enquadra no relato. Não apaga o valor e nem traz qualquer demérito ao trabalho, mas poderia ter adicionado uma pitada de modéstia.

O grande barato de se ler algo sobre o Heavy Metal, é saber sobre eventos e fatos de uma época que te marcou a vida e possivelmente forjou a tua personalidade atual. Eu me senti como se estivesse vendo e presenciando todos os acontecimentos narrados pelo autor, fatos que eu já sabia ganham um valor de realidade quando são confirmados por outras pessoas. Eventos que você viu acontecerem (na verdade leu sobre eles em revistas especializadas da época) ganham novos contornos e cores ao serem esmiuçados no livro.

Em diversas partes da narrativa senti que minha alma estava sendo decifrada e meus pensamentos, que até então pensava serem só meus, eram expostos linha após linha. Como eu me reconheci em cada narrativa sobre o público que escolheu ouvir Heavy Metal, as mazelas pelas quais passamos até nos "encontrarmos" no Metal. Cada anseio da juventude que foi ouvido e respondido por um riff de guitarra distorcido, ou por aquele vocal "gritado", encontrados em cada uma das músicas que amamos.

Para mim foi uma leitura arrepiante (de verdade, os cabelinhos do braço e da nuca se arrepiaram inúmeras vezes durante a leitura desta obra) e que me trouxe uma grande sensação de pertencimento. Certeza que pertenço ao seleto grupo de seres humanos do planeta que se entregaram de corpo, alma e ouvidos ao Heavy Metal. Se você se enquadra nesta descrição, sugiro a leitura deste livro.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Judas Priest - Firepower (2018)


Talvez seja o derradeiro álbum da banda. Me parece que talvez tenham pensado em terminar a carreira em grande estilo. Se for o caso, conseguiram atingir o grande estilo. Para mim nenhum álbum da banda chegou a arranhar o patamar alcançado pelo “Painkiller”, este ainda permanece absoluto na liderança da minha preferência.

Tudo que fez o Judas Priest ser “o” Judas Priest está presente neste álbum. As guitarras cadenciadas, os solos em duplicatas, a sonoridade da bateria, a contraposição entre guitarra limpa acompanhando uma base distorcida, e a voz do eterno Metal God, Rob Halford, mandando ver, variando entre graves e agudos. Como pode uma pessoa com a idade dele cantar bem assim? Além do mais, não tem música ruim neste álbum. As músicas são certeiras, curtas e grossas, é possível escutar o álbum todo seguidas vezes sem ficar saturado, caso escute seguidas vezes irá perceber também que na segunda vez já terá decorado os refrãos de praticamente todas as faixas.

As melodias são tão boas que a maioria delas gruda na mente e não sai da cabeça, me parece que algumas melodias e sonoridades saíram diretamente do “Angel of Retribution”, do “Nostradamus” e do “Redeemer of Souls”, mas foram recauchutadas e repaginadas, tomando novo corpo e ficaram muito boas, um bom exemplo é a música “Rising From Ruins”.

Como disse antes, se a intenção era encerrar a carreira com chave de ouro, conseguiram. As faixas que mais me chamaram atenção foram “Firepower”, “Lightning Strikes”, “Never the Heroes”, “Children of the Sun”, Rising From Ruins”, “Spectre”, “Traitors Gate” e “Lone Wolf”, mas como disse antes, todas são boas. Este é um álbum honesto e faz jus ao nome Judas Priest.

Segue a relação de faixas do álbum:


1. Firepower
2. Lightning Strike
3. Evil Never Dies
4. Never the Heroes
5. Necromancer
6. Children of the Sun
7. Guardians
8. Rising from Ruins
9. Flame Thrower
10. Spectre
11. Traitors Gate
12. No Surrender
13. Lone Wolf
14. Sea of Red


Divirta-se!
Mauro B. Fonseca

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Pleasure Maker - Dancin’ With Danger (2018)


Banda carioca, composta por Alex Meister na guitarra e vocais de apoio, Claudio Marçal nos vocais principais, Mark Santanna no baixo e Adriano Morais na bateria e vocais de apoio, executa uma mistura Hard Rock/Glam Metal de extrema qualidade. Traz uma sonoridade que lembra Van Halen (tem até uma faixa com o nome bem próximo “It Ain't 'Bout Love”), Poison, Bon Jovi (nos primeiros álbuns principalmente), Whitesnake (um dos medalhões do estilo) e algumas bandas de AOR.

Fazia tempo que eu não escutava uma banda nacional deste segmento com tanta qualidade de gravação, de execução, de composição e o cuidado com os detalhes de cada música. Aparecem coisas que eu estava acostumado a ouvir em bandas gringas com grandes orçamentos e produtores renomados. Fizeram um trabalho de primeira neste álbum. Incorporaram todos os elementos do estilo, tem baladas, tem música falando de amor, tem aquele timbre de guitarra entre o limpo e o distorcido (bem no meio, sabe?), tem riffs com os harmônicos, tem riffs com arpejos e/ou dedilhados, tem até a guria bonitona na capa, o clichê dos clichês deste estilo. Mas essa era a proposta, fizeram tudo direito.

As músicas são como chiclete. Ouviu, grudou! As letras são tão fáceis de decorar que eu tenho escutado pelo menos uma vez na semana (estou com o pacote de divulgação tem pelo menos dois meses) só para comprovar se ainda sei as letras, pelo menos dos refrãos e, sim, elas ainda estão na minha cabeça. Dê uma chance para a banda, pois assim como eles, nós somos “Die Hard Motherfucker!” E pelo jeito estes caras continuarão um tempo por aí.

Segue a relação das faixas do álbum:


1. Dancin’ With Danger
2. Chains of Love
3. It Ain't 'Bout Love  
4. On The Other Side Of Midnight    
5. Rock The Night Away       
6. Flesh And Blood    
7. Lonely Is The Night           
8. Out There  
9. Never Look Back  
10. Matter Of Feelings          
11. Runnin' Out Of Time
12. She’s Gone Too Far (Faixa bônus da versão japonesa)


Divirta-se!
Mauro B. Fonseca

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Legacy of Kain - I.N.V.E.R.S.O. (2017)


Banda de Curitiba formada por Markos Franzmann nos vocais, Karim Serri na guitarra, Angelo Torquetto na guitarra, Leon P. S. no baixo e Tiago Rodrigues na bateria. Executam um som que é o mais parecido com uma tijolada na orelha, o único tipo de tijolada que você agradecerá por levar, a tijolada sonora do Legacy of Kain. O que faz deste um álbum honesto.

O nome da banda pode te levar a pensar que se trata de uma banda religiosa, daquelas que só cantam “flores” sobre Jesus. A banda até tem uma temática cristã, mas incluem críticas a vários problemas sociais e até criticam a nossa “renomada e competente” classe política, muito mais do que muita banda “não cristã” por aí. As letras todas em bom português vociferadas por Markos, em um gutural agressivo, as guitarras pesadíssimas e a velocidade das músicas te fazem duvidar se esta é mesmo uma banda com temáticas cristãs. Não que isso importe muito para mim, pois algumas das letras e uma pequena inserção (que acredito ser do jornalista Alborghetti) são provas suficientes de que a preocupação maior da banda é a situação atual do país e esse abismo social em que vivemos, palmas para a banda. Ainda impressionado com a tijolada sonora que minhas caixas de som cuspiram nos meus ouvidos!

Gostaria de destacar alguma faixa para te dizer que esta é a melhor do disco, isso não existe, todas tem grande qualidade, então vou destacar a música em que os políticos são xingados, apenas por este fato ser prazeroso, a faixa “Brasiu”. Escute todo o play antes de decidir se curte ou não, se você curte Metal e principalmente as vertentes mais extremas, certeza que vai curtir esse álbum.

Segue a relação de faixas do álbum:


1. Condenados
2. Inverso
3. Legado
4. Brasiu
5. Distrito F_deral
6. Tudo a Perder
7. Frieza no Olhar
8. Cicatrizes
9. Vozes
10. Anestesia
11. Epiphania
12. Não Justifica


Divirta-se!
Mauro B. Fonseca

terça-feira, 1 de maio de 2018

Sancta - Sancta (2016) EP


“Blueszão” misturado com o bom e velho Rock N’ Roll em português, assim abre o EP a música “Estrada sem Fim”, quase uma ode à vida de motociclista/viajante. A voz rasgada de Márcio confere à música um ar rebelde e de contravenção que o Rock/Metal sempre tiveram, e que ultimamente anda esquecido, é quase possível sentir o vento na cara escutando essa música.

A banda curitibana composta por Márcio Souza Prates nos vocais e guitarra, Silvana Wedel na guitarra, Eduardo Nodari no baixo e Bruno Wedel na bateria, executam uma bela mistura de Blues, Rock N Roll e Heavy Metal. Lançaram este EP em 2016, tomara que estejam preparando mais material para nos presentear os ouvidos. É um som honesto, mas eu gostei mais da música cantada em português, agradou melhor meus ouvidos, ou “casou” melhor com o instrumental, por incrível que isso possa parecer.

A faixa “Burning Shadows” tem uma sonoridade mais arrastada e é cantada em inglês, conta com um belo solo de guitarra, “Lost Place” tem um belo riff de guitarra, mas o que mais me desanimou ao ouvir este EP foi o fato de não ser completamente cantado em português, não sei o que rolou, mas foi isso que senti. Escute e constate se é o tipo de música que você gosta, na pior das hipóteses terá ouvido um honesto trabalho de uma boa banda.

Segue a relação de faixas do EP:


1. Estrada Sem Fim
2. Practice The Truth
3. Burning Shadows
4. Lost Place


Divirta-se!
Mauro B. Fonseca

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Ancesttral - Web of Lies (2016)

Lançado no início do segundo semestre de 2016, este é o segundo álbum da banda paulistana Ancesttral e conseguiu emplacar em algumas listas de melhores do ano (na minha inclusive). A banda é formada por Renato Canonico no baixo, Leonardo Brito na guitarra, os irmãos Denis Grunheidt na bateria e Alexandre Grunheidt nos vocais e na guitarra. Fazem um Thrash Metal vigoroso, pesado e contestador. Bem ao estilo anos 80, mas com sonoridade atual.

Alguns dizem que são uma cópia do Metallica, discordo, tem muita influência de James e cia, mas usam essa influência para criar algo com identidade. Falando de influências, vamos lá, consegui identificar traços de Testament, Slayer, Antrax, Metallica, Megadeth, Exodus e um toque de Iron Maiden, entre outras, então rotular a banda a uma única influência não seria justo.

O que se encontra ao colocar o play para rolar é: PESO, muito peso, desde as letras contestadoras cantadas num tom grave e agressivo, as guitarras (com um timbre animalesco) cavalgadas e com abundância de “palm mute”, a bateria “marretada”, até o grave do baixo completando para desabar o peso nos teus tímpanos. Os refrões ficarão por algum tempo na sua cabeça com certeza, e o álbum vai demorar para sair do teu player.

Duvido você ficar indiferente ao riff matador de “Threat to Society”, conseguir não cantar o refrão de “What Will You Do?”, ficar sem balançar a cabeleira em “Massacre”, “Pathetic Little Liars” e na faixa título “Web of Lies”. Disco matador na opinião deste que vos escreve. Não passa um dia desde o lançamento que eu fique sem escutar ao menos uma música deste álbum. Matador.

Segue a ordem e nome das faixas e um vídeo produzido pela banda para que você escute e forme a tua opinião:


01. What Will You Do?
02. Massacre
03. Threat to Society
04. You Should Be Dead
05. Fight
06. Nice Day to Die
07. Pathetic Little Liars
08. Subhuman
09. Web of Lies
10. Fire
11. What Will You Do? (Alternate Solo Version)


Divirta-se!!!

Mauro B. Fonseca