quinta-feira, 3 de março de 2011

Time de primeira

Quando comecei a ouvir Heavy Metal, lá pelos anos 80, todo garoto imaginava como seria o encontro entre o vocalista da banda “X” com o guitarrista da banda “Y”, ou um duelo de guitarra entre guitarristas de 4 ou 5 bandas diferentes, um encontro entre 2, 3, 4 ou mais vocalistas de suas bandas prediletas.
 

Naquele momento da indústria musical, isso era estritamente “PROIBIDO”, as gravadoras, os empresários e muitas vezes as próprias bandas enxergavam isso como perda de identidade musical, descaracterização da identidade da banda, entre outros; sem levar em conta que muitas vezes as bandas baseavam-se em localidades geograficamente distantes (lembre-se que na época não havia internet, o próprio computador apenas engatinhava) o que dificultava, e muito, a troca de material, informação e até a troca de idéias entre as bandas.
 

Então por volta de 1985 um dos maiores e mais promissores vocalistas de Heavy Metal, Ronnie James Dio, reuniu 8 vocalistas principais e 16 de apoio, para a gravação de uma música intitulada “Hear N’ Aid”. No processo também foram incluídos 12 importantes guitarristas da época e outros 20 músicos de grande destaque, em prol de uma boa causa, aliviar a fome na África.
 

Alguns outros projetos reunindo 2 ou 3 vocalistas surgiram depois disso, mas nenhum com tamanha visibilidade e número de pessoas envolvidas.
 

Integrantes que deixavam suas bandas eram recrutados para gravar discos como convidados em diferentes bandas, em especial os vocalistas.
 

As bandas começam a permitir que seus integrantes gravem com outras bandas ou músicos, seus integrantes podem gravar projetos paralelos e continuam a fazer parte da banda. Ex-integrantes de bandas são convocados para bandas diversas e em alguns casos para montar bandas que fazem referência à suas origens, quem nunca ouviu “X-Wild”?
 

Então por volta dos anos 2000, surge uma banda chamada Edguy, que a principio não trazia nada de novo, com exceção de seus integrantes. Era mais uma banda de Heavy Metal melódico como tantas outras, mas seu vocalista era ninguém menos do que Tobias Sammet.
 

Tobias não se contentou em “apenas” ter uma banda e ser o vocalista dessa banda, ele precisava extravasar a sua veia criativa e inicia um projeto paralelo ao Edguy, o Avantasia.
Ao gravar o primeiro CD do Avantasia, Sammet já mostra sua veia inovadora, convoca um time de vocalistas para “interpretar” os personagens da sua história, contada em 13 músicas.
 

Enquanto isso no Brasil uma gravadora em início de carreira – a Die Hard Records – convoca 14 bandas para “cantar” a história mais conhecida de William Sheakespeare, Hamlet, essa gravadora é hoje reconhecida pelo público brasileiro consumidor de Heavy Metal.
 

A diferença entre os dois CDs é que enquanto em Avantasia os vocalistas “interpretam” personagens, em Hamlet as bandas “cantam” momentos diferentes da história.
 

Voltando ao Avantasia, este teve continuação, o que nunca poderia acontecer com Hamlet, onde a história continua e novos personagens são “interpretados” por mais vocalistas convidados.
 

Novos CDs com novas histórias são lançados e Sammet escreve seu nome na história metálica, e começa a realizar o que todos achavam impossível, mas gostariam de ver, shows com os vocalistas e guitarristas do Avantasia. Pelo menos com alguns deles.
 

Em umas destas turnês ele realiza o feito mais marcante (pelo menos na visão deste que vos escreve), consegue em primeiro lugar fazer com que um dos vocalistas mais aclamados da história do Heavy Metal melódico faça shows, e em segundo, faz com que esse mesmo vocalista cante lado a lado com seu antigo companheiro de banda, todos sabem a quem me refiro. Michel Kiske, com seu vocal afinadíssimo e Kay Hansen, com sua irreverência e carisma marcantes.
 

Se Sammet não fizesse mais nada musicalmente, já teria colocado seu nome para sempre na história do Heavy Metal, foi o responsável, talvez não o único, pelo reencontro musical entre Kiske e Hansen, em um CD e em uma turnê, a qual tive o prazer de assistir, ouvir, gritar e pular.
 

Agradeço a todos os músicos de Heavy Metal, aos famosos e aos esquecidos, por essas quase quatro décadas de excelentes músicas, que nos inspiraram em nossas vidas particulares e profissionais, vocês são realmente um time de primeira linha…

Obrigado.
Mauro B. Fonseca

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