segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Vinil, K7, CD ou MP3, não importa a forma, o que interessa é a música que o formato trás...

Hoje eu estava ouvindo o "...And justice for all" do Metallica e enquanto eu ouvia e cantava as musicas desse álbum clássico, eu me peguei pensando na nossa indústria fonográfica.

Desde que me decidi por seguir os caminhos do Heavy Metal sempre tive (e ainda tenho) vontade de manusear o vinil, o K7, o CD e seus respectivos encartes, ler as informações contidas sobre os músicos, as letras, artistas convidados e tudo que vem junto com a aquisição de um item original.

Muitos de vocês, assim como eu, mantiveram essa vontade de possuir, guardar e colecionar o material das nossas bandas preferidas ou aquele único álbum clássico que uma banda que desapareceu gravou. E talvez a parte mais importante seja exatamente a de querer colecionar e de ter orgulho de possuir um material que foi feito com capricho e esmero pela banda.

Muito se fala hoje em dia sobre pirataria, MP3, download de discografias inteiras, o fim do CD, o fim da indústria fonográfica, fechamento de sites de compartilhamento, enfim tudo que gira ao redor da musica e quase nada se fala sobre os rios de dinheiro que essa indústria gera para uns poucos sortudos (ia escrever afortunados, mas na verdade são sortudos que se tornam donos de grandes fortunas) que conseguem vencer todo o revés de ser artista neste nosso mundo atual.

Justamente esses rios de dinheiro que correm em mão única e que causam todo esse “frisson” em cima da indústria fonográfica, quem e louco de negar que gostaria de ter uma gotinha mínima vitalícia desse rio de dinheiro? Nem eu que sou bobo faria tal afirmação, e você?

Ao menor sinal de mudança, os “donos” da indústria fonográfica se desesperam e saem mandando a sua artilharia para cima do agente de mudança, claro, quem gostaria de perder essa boquinha?


Primeiro foram as fitas K7 que permitiam que as pessoas copiassem os discos de vinil sem ter que pagar, e isso seria péssimo para os negócios, afinal sem vendas não há lucro.

Depois foi o CD, que acabaria com o “ganha pão” dos empresários, pois produzir o CD era mais caro do que o vinil, até hoje se vende vinil e ganhou a companhia do CD, ganham em dois produtos. Depois foi o gravador de CD, que destruiria a indústria fonográfica, pois cada um poderia copiar livremente o CD que quisesse e de quem quisesse.

Em seguida veio o temido Napster que colocaria a pedra final na derrocada nas vendas de material fonográfico, nunca mais na existência da humanidade alguém compraria um CD, ou um vinil ou um K7.

Após o episódio “Napster” começaram a pipocar inúmeros sites e programas de troca de musica e este, segundo os empresários, seria o ponto final da indústria fonográfica.

E os resultados depois de todo o desespero dos empresários? Começaram a vender K7s originais, assim ninguém copiaria os vinis. Passaram a vender, além do vinil e dos K7s, os CDs. As pessoas que realmente curtem música baixam o CD, ouvem e depois ainda compram o CD. Alguns mais empolgados compram as edições especiais, materiais inéditos, versões diferentes, etc. A banda que encabeçou o episódio “Napster” passou a ser mundialmente famosa e vendeu mais alguns milhões de cópias de todos os álbuns subsequentes lançados nos anos seguintes.

Desde o episódio “Napster” para cá o que se tem observado é um festival de lançamentos de péssimo gosto, a valorização de artistas de talento duvidoso, músicas com mensagens com incitação ao crime (organizado ou não), músicas com depreciação da mulher, músicas com letras que pouco acrescentam para o crescimento e desenvolvimento pessoal, entre outras que nem vale mencionar aqui. E essa foi a resposta da indústria fonográfica para se “recuperar” das perdas nas vendas de material fonográfico.


A resposta dos artistas foi aumentar a quantidade de shows pelo mundo, as bandas que antes estavam acomodadas com o “circuitinho” habitual de turnês, foram obrigadas a procurar novas fronteiras, ou vocês realmente acharam que começamos a ter essa enxurrada de shows por aqui porque as bandas são legais e queriam muito tocar no Brasil?

Ao invés de começarem a valorizar a boa música e incentivar as bandas a comporem álbuns cada vez melhores a indústria fonográfica apostou na saída mais fácil, popularizou a música mais barata de ser produzida, digerida e que não trás qualquer talento agregado a ela, e que é tão descartável quanto uma fralda suja. E a propaganda em cima dela foi tão grande, que deu certo. Todo mundo vai aos shows desses “artistas”, querem ler fofocas sobre eles, ver fotos indecorosas deles, mas o mais importante que deveria ser a música ficou em segundo plano.

Eu realmente acredito que a indústria fonográfica recebeu um impacto com a pirataria, com as cópias caseiras de K7s e CDs, com o download de MP3 da internet, com os “torrents” que disponibilizam tudo o que se possa imaginar sobre todos os assuntos possíveis, inclusive música, mas também acredito que com esse investimento em “artistas” que nada acrescentam nas vidas dos fãs, ou que são totalmente descartáveis, faz com que com a vontade e orgulho de ter uma coleção de álbuns de artistas talentosíssimos e de mostrar essa coleção para outros seja nula, uma vez que tudo é descartável, uma coleção de itens destes “artistas” é comparável a juntar lixo na sua sala. Quem teria orgulho de colecionar e exibir qualquer item da Tati Quebra-barraco? Qualquer item de algum traficante que se transveste de artista para “cantar” e exaltar suas atividades criminosas aos quatro ventos? Qualquer item de qualquer “artista” que “canta” e exalta espancamentos de mulheres, atos sexuais com menores de idade e como ser bem sucedido “pegando as novinhas”?

Por outro lado colecionar itens de artistas realmente talentosos se tornaria (assim como se tornou entre os apreciadores de Heavy Metal) uma forma de incentivar a vontade de colecionar e motivo de orgulho ao exibirem os itens adquiridos a outros fãs. Para exemplificar meu ponto de vista, basta se lembrar de todas as reuniões de amigos, quando o assunto música é posto em pauta, sempre virão as exclamações de desespero como:

- Nossa olha a música que ouvíamos na época!
- Não deixem meus filhos saberem disso, hein!
- Como não tínhamos vergonha de dançar assim?
- Nossa como tínhamos coragem de nos vestirmos assim?

Agora chame seus amigos que curtem Heavy Metal e comecem a perguntar sobre as músicas que ouviam no passado, perceberá que a maioria deles não só ainda escutam essas músicas, como possuem os álbuns que contém as referidas músicas, e em alguns casos procuram por anos para adquirir determinados itens.

Acredito ser desnecessário exemplificar o meu ponto de vista aqui, mas para efeito de completar o texto, quantos de vocês leitores possuem o “Kill ‘Em all”, o “Ride The Lightning” e o “Master of Puppets” do Metallica, o “Painkiller”, o “British Steel” e o “Ram it Down” do Judas Priest, “Beneath The Remains” e o “Arise” do Sepultura, “Cowboys From Hell” e o “Vulgar Display of Power” do Pantera, “Show no Mercy”, “Hell Awaits” e o “Seasons in The Abyss” do Slayer, quantos de vocês leitores procuram pelo “Crimson Idol” do WASP, o “No Life 'til Leather” do Metallica, qualquer um dos álbuns do X-Wild?

Será que precisa ser gênio para perceber que, cedo ou tarde, investir no fútil, inútil e descartável provará ser um péssimo investimento?

Divirtam-se
Mauro B. Fonseca

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