segunda-feira, 25 de junho de 2012

Raven – Clash Club, 17 de junho de 2012

Foto Paulo Márcio
Há pouco mais de três décadas a "New Wave Of British Heavy Metal" surgiu com uma geração de bandas que mudou completamente o rumo da música pesada. Uma das mais importantes entre elas, veio nos visitar neste mês de junho e foi impossível não sentir aquele gosto de anos 80.

Muito se fala de som datado, de passado, que é preciso olhar para frente, mas como é bom assistir a um grupo que possui dezenas de sons matadores, domínio de palco, talento musical, e história... muita história.

O trio formado pelos irmãos Mark e John Gallagher e o batera Joe Hasselvander, na banda desde 1988, despertou o interesse dos fãs, que se não compareceram em um grande número, eram na sua maioria, fieis ao estilo.

É muito legal ver vários headbangers com jaquetas ou coletes jeans cheio de patches, jaquetas de couro e camisetas com logos de bandas pouco conhecidas do público comum. O clima é realmente diferente de outros shows e muito bacana.

A abertura, no horário previsto, coube às garotas da Nervosa, que para quem ainda não conhece, é uma banda de Thrash Metal (com influencias de Exodus e Slayer) formada por Fernanda Lira (baixo/voz), Fernanda Terra (bateria) e Prika Amaral (guitarra).
Foto: Paulo Márcio

Poucas pessoas acompanharam um set curto, mas energético, dessa banda que está evoluindo a olhos vistos. O que dedicação e trabalho, muito trabalho não fazem. E isso não tem faltado para essas moças. Um dia antes tinham se apresentado no "Threat Fest" aqui na capital. Em seguida foram para Varginha-MG tocar no "Festival Roça n’Roll" já de madrugada, e completando a maratona, voltaram para Sampa para abrir para o Raven. Haja fôlego.

E isso não faltou para elas. Sem demonstrar nenhum cansaço, detonaram entre outras "Justice Be Done", "Urânio Em Nós" e "Masked Betrayer". É lamentável que muita gente ainda prefira ficar do lado de fora da casa, ignorando as bandas nacionais que abrem os shows de bandas internacionais. Para essas pessoas só posso dizer que perderam um ótimo show, mas faz parte. Isso não é de hoje que acontece, e imagino que as garotas da Nervosa sabem disso. De qualquer maneira, elas mandaram muito bem.

Com uma melhora expressiva do púbico, o grande Raven entra no palco com a mesma disposição e energia que marcou sua carreira ao longo das últimas décadas.
A trinca inicial com "Against The Grain", "Take Control" e a magnífica "Live At The Inferno" transformou a casa em um lugar atemporal, como se todos tivessem voltado para o início dos anos 80. Os agudos de John absurdamente altos, riffs precisos de Mark e a mão pesada de Joe. Foi uma aula de entrosamento dos músicos, postura de palco – agitaram o tempo todo - e não faltaram os duelos e a famosa "cruzada" do baixo de John com a guitarra de Mark.

Quando se tem tantos clássicos à disposição para montar o setlist, as coisas ficam bem mais simples para a banda e muito melhor para os fãs.

"All For One" e "Rock Until You Drop" tiveram seus refrões "berrados" por todos. O público presente sabia muito bem quem estava no palco e retribuía com o devido valor, que o Raven merece. Ponto positivo para uma nova geração de fãs que não vivenciou os anos 80, mas admira, cultua, e mantém o legado vivo.

A banda manteve o alto nível da apresentação com o conhecido medley de "Speed Of The Reflex / Run Silent, Run Deep / Mind Over Metal", seguidas por "Bulldozer", e a veloz "Faster Than the Speed of Light".

Caminhando para o fim, duas músicas, "For The Future" e "On And On" merecem destaque não só pela interpretação precisa da banda nesta noite, mas por representarem momentos absurdamente contrários na história do grupo.

A primeira marcou o inicio de tudo, conquistou o respeito dos fãs e da crítica, fazendo o Raven alcançar a fama de melhor "power trio" daquela época, rivalizando simplesmente com o Venom.

Foto: Paulo Márcio
A segunda marcou a estréia por uma gravadora grande (Atlantic Recs), e quase colocou tudo a perder. As criticas foram pesadas, algumas exageradas até demais, mas era claro que o direcionamento musical tinha sido influenciado pela "major", com o som ficando mais leve. O clipe feito para ser veiculado na MTV - assim como todo o álbum "Stay Hard" - não mostrava nem um 1% da energia da banda em seus álbuns anteriores. Uma pena. Isso custou caro para eles.

Mas adivinhem qual das duas quase derrubou o lugar? Sim, todos os fãs cantaram o manjado refrão de "On And On", que ao vivo sempre soou muito mais pesada que a versão do clipe. De longe foi o momento mais legal da noite. Anos depois, ela tem seu lugar garantido entre os clássicos do Raven.

Para o bis, um solo de baixo muito técnico de John, seguido por outro medley dentro da ótima "Breaking The Chain", incluindo pedaços de músicas do Black Sabbath, Judas Priest, Blue Cheer, entre outros.

Com os músicos nitidamente se divertindo tanto quanto a platéia, o show chegou ao seu fim. Uma apresentação segura e recheada de clássicos da carreira dessa importante banda.

Enquanto eu deixava o Clash Club, ouvi dois fãs mais antigos dizendo que faltaram "Hell Patrol" e "Action". Se nem tudo foi perfeito para todos, quem sabe em uma próxima visita. Afinal receber um dos nomes mais significativos da NWOBHM sempre será uma honra para os apreciadores da música pesada - de qualidade e com muita história.

Setlist:

Against The Grain
Take Control
Live At The Inferno
All For One
Breaking You Down
Lambs To The Slaughter
Rock Until You Drop
Mark Gallagher Guitar Solo
Speed Of The Reflex + Run Silent, Run Deep + Mind Over Metal
Bulldozer
Faster Than the Speed of Light
For The Future
On And On
Gimme a Break
Encore:
John Gallagher Bass solo
Break The Chain + Medley + Break The Chain
Crash Bang Wallop

Abraço
Paulo Márcio

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