segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sepultura - Kairos

A resenha para este CD foi quase um parto, uma vez que nem eu e nem o Márcio Rebelo queríamos ter esse fardo. Digo fardo, pois o CD decepciona, e muito, foi anunciado como o retorno dessa maravilhosa banda brasileira, mas decepcionou. Quase tiramos par ou impar para ver quem teria a posição de falar mal do Sepultura, banda extremamente amada pelos fãs brasileiros, e como podem ver, dei azar.

Começa que desde a saída do Max, e a entrada do Derrick Green, a banda nunca mais soou a mesma. E para os fãs mais ardorosos, os irmãos Cavalera ainda gravaram o Cavalera Conspiracy, o que torna mais difícil escutar Sepultura sem os vocais de Max Cavalera.

Não serei hipócrita dizendo que não sinto falta do Max nos vocais, porque eu realmente gostava dos guturais dele, gostava tanto que não tenho nenhum dos álbuns lançados após a saída dele da banda. Eu tenho até 3 ou 4 álbuns em formato LP (vinil), comprados mesmo depois do aparecimento do CD.

Senti arrepios na espinha quando saiu um tributo ao Black Sabbath - Nativity in Black, onde o Sepultura deixou a sua marca, gravando "Symptons of The Universe", imaginem que em 1994 uma banda brasileira aparecer em um CD repleto de medalhões do Heavy Metal mundial, na época era a glória. E um imenso orgulho para nós fãs.

Quanto ao Kairos, se me perguntarem se o CD é ruim, não poderei dizer que sim, pois ele é bom, é bom em grande parte pelas guitarras do Andreas, que sempre tiveram um timbre matador. É o caso aqui. Timbres matadores de guitarra, check. Ainda nas guitarras, em algumas passagens soam bastante como soavam no Arise. Guitarras com “climinhas” tenebrosos, check. Guitarras cavalgadas no melhor estilo Thrash Metal, check.

Tudo isso aliado a um vocal quase gritado (muitas vezes gritado mesmo), se falássemos de uma banda qualquer de Heavy Metal só isso já seria o suficiente para ser um bom CD, mas esse CD não é de uma banda qualquer, é um CD do Sepultura (porra!) não pode ser bom tem que ser matador, isso ele não é, e decepciona... Infelizmente.

A voz do Derrick sempre me pareceu muito "forçada", o que acontece neste CD. Voz "forçada" do Derrick, check. Falta da "pegada" nos guturais, check. Não quero ficar aqui parecendo um carrasco enumerando os crimes do condenado, mas esse CD, na minha insignificante opinião, não é o retorno do Sepultura, eu diria que nem mesmo é o Sepultura, uma vez que a identidade da banda não está presente.

E quando digo identidade, não é só pelos vocais do Max, mas pelo conjunto, desde a composição das músicas, até a finalização e como estão me faltando palavras para explicar meu sentimento de perda com esse CD, terei que ser bairrista mesmo, o Sepultura não tem mais a cara brasileira de uma puta banda de Thrash Metal. Não me convenceu, na verdade me decepcionou.

Nem mesmo o cover do Ministry (banda de Heavy Metal Industrial que teve seu auge na década de 90) consegue dar um ar diferenciado ao CD. Aqui é onde a identidade do Sepultura se sobressairia, com certeza colocariam alguma coisa diferente para dar a cara brasileira ao Thrash Metal impregnado no CD, o que não foi o caso.

Esse é aquele CD que você coloca para rolar e quando menos percebe, ele já acabou, e você nem se deu conta de ter escutado, não empolga, não te faz ficar em pé batendo cabeça como louco, e se acha que nenhum CD do Sepultura faz isso coloque o “Arise” para rolar, duvido você ficar sentado até acabar a segunda música.

Chega de ser carrasco, vou ouvir meus CDs do Slasher, do Pastore, e caso o Márcio Rebelo me empreste o do Vulture, para limpar os ouvidos e a mente deste Kairos decepcionante, desculpe-me Andreas, sei que já fez grandes coisas pela cena brasileira, mas esse CD não deu não.

Seguem as faixas do CD:

1. Spectrum
2. Kairos
3. Relentless
4. 2011
5. Just One Fix (Ministry cover)
6. Dialog
7. Mask
8. 1433
9. Seethe
10. Born Strong
11. Embrace the Storm
12. 5772
13. No One Will Stand
14. Structure Violence (Azzes)
15. 4648

Divirtam-se, ou neste caso nem tanto.
Mauro B. Fonseca

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