A resenha para este CD foi quase um parto, uma vez que nem
eu e nem o Márcio Rebelo queríamos ter esse fardo. Digo fardo, pois o CD
decepciona, e muito, foi anunciado como o retorno dessa maravilhosa banda
brasileira, mas decepcionou. Quase tiramos par ou impar para ver quem teria a
posição de falar mal do Sepultura, banda extremamente amada pelos fãs
brasileiros, e como podem ver, dei azar.
Começa que desde a saída do Max, e a entrada do Derrick
Green, a banda nunca mais soou a mesma. E para os fãs mais ardorosos, os irmãos
Cavalera ainda gravaram o Cavalera Conspiracy, o que torna mais difícil escutar
Sepultura sem os vocais de Max Cavalera.
Não serei hipócrita dizendo que não sinto falta do Max nos
vocais, porque eu realmente gostava dos guturais dele, gostava tanto que não
tenho nenhum dos álbuns lançados após a saída dele da banda. Eu tenho até 3 ou
4 álbuns em formato LP (vinil), comprados mesmo depois do aparecimento do CD.
Senti arrepios na espinha quando saiu um tributo ao Black
Sabbath - Nativity in Black, onde o Sepultura deixou a sua marca, gravando
"Symptons of The Universe", imaginem que em 1994 uma banda brasileira
aparecer em um CD repleto de medalhões do Heavy Metal mundial, na época era a
glória. E um imenso orgulho para nós fãs.
Quanto ao Kairos, se me perguntarem se o CD é ruim, não
poderei dizer que sim, pois ele é bom, é bom em grande parte pelas guitarras do
Andreas, que sempre tiveram um timbre matador. É o caso aqui. Timbres matadores
de guitarra, check. Ainda nas guitarras, em algumas passagens soam bastante
como soavam no Arise. Guitarras com “climinhas” tenebrosos, check. Guitarras
cavalgadas no melhor estilo Thrash Metal, check.
Tudo isso aliado a um vocal quase gritado (muitas vezes
gritado mesmo), se falássemos de uma banda qualquer de Heavy Metal só isso já
seria o suficiente para ser um bom CD, mas esse CD não é de uma banda qualquer,
é um CD do Sepultura (porra!) não pode ser bom tem que ser matador, isso ele
não é, e decepciona... Infelizmente.
A voz do Derrick sempre me pareceu muito
"forçada", o que acontece neste CD. Voz "forçada" do
Derrick, check. Falta da "pegada" nos guturais, check. Não quero
ficar aqui parecendo um carrasco enumerando os crimes do condenado, mas esse
CD, na minha insignificante opinião, não é o retorno do Sepultura, eu diria que
nem mesmo é o Sepultura, uma vez que a identidade da banda não está presente.
E quando digo identidade, não é só pelos vocais do Max, mas
pelo conjunto, desde a composição das músicas, até a finalização e como estão
me faltando palavras para explicar meu sentimento de perda com esse CD, terei
que ser bairrista mesmo, o Sepultura não tem mais a cara brasileira de uma puta
banda de Thrash Metal. Não me convenceu, na verdade me decepcionou.
Nem mesmo o cover do Ministry (banda de Heavy Metal
Industrial que teve seu auge na década de 90) consegue dar um ar diferenciado
ao CD. Aqui é onde a identidade do Sepultura se sobressairia, com certeza
colocariam alguma coisa diferente para dar a cara brasileira ao Thrash Metal
impregnado no CD, o que não foi o caso.
Esse é aquele CD que você coloca para rolar e quando menos
percebe, ele já acabou, e você nem se deu conta de ter escutado, não empolga,
não te faz ficar em pé batendo cabeça como louco, e se acha que nenhum CD do
Sepultura faz isso coloque o “Arise” para rolar, duvido você ficar sentado até
acabar a segunda música.
Chega de ser carrasco, vou ouvir meus CDs do Slasher, do
Pastore, e caso o Márcio Rebelo me empreste o do Vulture, para limpar os
ouvidos e a mente deste Kairos decepcionante, desculpe-me Andreas, sei que já
fez grandes coisas pela cena brasileira, mas esse CD não deu não.
Seguem as faixas do CD:
1. Spectrum
2. Kairos
3. Relentless
4. 2011
5. Just One Fix (Ministry cover)
6. Dialog
7. Mask
8. 1433
9. Seethe
10. Born Strong
11. Embrace the Storm
12. 5772
13. No One Will Stand
14. Structure Violence (Azzes)
15. 4648
Divirtam-se, ou neste caso nem tanto.
Mauro B. Fonseca
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