quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Edu Falaschi e seu desabafo... O Heavy Metal nacional está realmente morto?


Demorei um pouco para me pronunciar sobre as declarações que Edu Falaschi (ex-Mitrium, ex-Venum, ex-Symbols, ex-Angra?, Almah) deu recentemente e que estranhamente ganharam repercução nas redes sociais.

Quero deixar claro que não tenho qualquer tipo de relacionamento de amizade, de coleguismo com o Edu, conheço-o apenas como todo outro fã de Heavy Metal o conhece, pelo seu (extenso) trabalho, portanto não devo nada a ele. Dito isso vamos a diante com o texto.

Bom antes de falar qualquer coisa o mais recomendado é pensar, refletir, analisar, repensar e só então emitir a sua opinião, é o que estou fazendo. E eu já li muita gente falando a primeira coisa que lhe vem à mente e depois ter que se explicar.

Depois de ouvir e assistir ao vídeo em que ele dá as declarações que geraram tantos comentários, a primeira reação que tive foi o de repulsa e de mandar o Edu para o mesmo lugar para onde mandou os fãs, mas existem alguns pontos a serem considerados:

1. Edu Falaschi há muito tempo vem trabalhando em prol do Heavy Metal nacional, há muito tempo divulga a nossa bandeira onde quer que vá, assim como muitos outros. 
2. Ele está tão errado assim no que falou? 
3. O modo como falou talvez não tenha sido o mais politicamente correto, mas com total certeza teve uma atitude Heavy Metal. 
4. Porque gostamos tanto dos músicos que tocam Heavy Metal mesmo? Pela sua atitude rebelde talvez?
5. Ser músico de Heavy Metal no Brasil é quase tão bem visto como ser um mendigo. 
6. Todos nós temos que comer para sobrevivermos e realizarmos nosso trabalho com eficiência.
7. Todos têm direito a uma vida digna, inclusive músicos e fãs de Heavy Metal (a lei brasileira nos garante isso). 
8. Todos os músicos, organizadores e casa de shows irão concordar comigo que ao fazer qualquer evento no Brasil, brotam da terra milhares de parasitas querendo “tirar o seu”, sugando o sangue de pessoas que trabalham honestamente e muitas vezes gerando situações ridículas em que uma banda tenha que pagar direitos autorais para os órgãos oficiais ao realizar performances ao vivo com AS SUAS PRÓPRIAS MÚSICAS. 
9. Os músicos de Heavy Metal brasileiros estão entre os melhores do mundo. 
10. A Argentina não tem banda de Heavy Metal mundialmente famosa.

Após considerar os dez tópicos acima, acho que seria justo dizer ao menos três coisas, o Edu Falaschi não estava errado no que falou, possivelmente errado no modo como falou, mas devemos concordar que os músicos de Heavy Metal estão entre os mais politicamente incorretos, e por isso mesmo gostamos deles, pela atitude de falar a sua opinião, doa a quem doer.

Outra coisa que podemos falar sobre a declaração do Edu é que se os fãs não compram o CD, não compram a camiseta, não vão aos shows, PRA QUE DIABOS ALGUEM VAI CONTRATAR A BANDA PARA FAZER SHOW, PORRA? QUAL GRAVADORA VAI DAR CONDIÇÕES PARA QUALQUER BANDA GRAVAR UM CD DESCENTE, CARALHO?

Eu também baixo músicas da internet, mas eu compro o CD sempre que sobra uma graninha no fim do mês, e dou prioridade para bandas nacionais.

Atualmente raramente eu vou a shows, internacionais ou nacionais, tenho família o que complica um pouco a vida, mas me lembro de ter ido por diversas, milhares, milhões de vezes nas casas de Heavy Metal de São Paulo, para ver shows de bandas nacionais.

Uma amiga da época de festivais postou em seu mural (valeu Tati por liberar o uso do texto na postagem), o texto que transcrevo a seguir:

“Acho que o depoimento do Falaschi retrata parte da minha indisposição a respeito e explica um pouco o porque que eu me afastei das atividades de divulgação do Metal.
Acho curioso AGORA e TARDIAMENTE algumas pessoas acordarem para o que está acontecendo e querer promover evento para DAR FORÇA.
Não podemos nos esquecer de grandes festivais que promoveram EXCELENTES bandas de metal nacional e que hoje perderam espaço para a avalanche de shows gringos.
ERA NAQUELE MOMENTO QUE INICIATIVAS COMO ESTA DEVERIAM OCORRER, PARA QUE MANTIVÉSSEMOS UMA CENA FORTE, SEM DESMOTIVAR MÚSICOS, PRODUTORES DE DISCOS, SHOWS E MÍDIA ESPECIALIZADA.”
(Tati Batis)

Ela também tem a sua razão, afinal quem é que gosta de ficar dando cabeçada em parede? Durante muito tempo realizar tentativas para divulgar bandas nacionais, sem apoio, tanto por parte do público como por parte da imprensa, seja ela qual for.

Quem se lembra do festival “Brasil Metal Union”? Ou do zine que depois virou revista chamado “Heavy Melody”? Richard Navarro, alguém lembra? Pois é desta época que ela estava falando. Por volta de 2001, quando o Heavy Metal nacional estava a todo vapor, tínhamos um monte de pessoas organizando e abrindo espaço para as bandas nacionais, mas esse tempo acabou, passou, mas será que o Heavy Metal nacional realmente morreu?

Apesar do nome do blog ser em inglês, veja as nossas resenhas, quantas delas são de bandas nacionais, bandas como Imago Mortis, Tiger Cult, Vulture, VersOver, Pastore, Slasher, Carro Bomba, Viper (ainda não publicada), sem contar as resenhas dedicadas aos autores (de livros) nacionais Adriano Villa - "A Casa de Ossos" e Alexandre Callari - "Apocalipse Zumbi", e as demais notícias relacionadas a bandas nacionais (uma das quais a própria banda do Edu Falaschi era mencionada, a Almah).

Enfim, tentamos dar uma força para as bandas nacionais, e não é porque somos amigos dos integrantes ou porque queremos ganhar CDs, DVDs, livros, porque nunca ganhamos nada para escrever sobre os lançamentos de banda alguma, escrevemos porque elas tem mérito, fazem um som do caralho, muito bem feito e bem produzido, agora, se ninguém compra as porras que eles lançam, de onde vai vir a grana para o próximo?

Isso sem falar no tão esperado projeto Brasil Heavy Metal, que deverá ser lançado por aqui no ano que vem. Que vai relembrar aos mais antigos como foi o início de tudo e apresentar aos mais novos como fizemos (opa eu também fiz) a cena de Heavy Metal no Brasil.

Vamos apoiar essas bandas que estão surgindo, assim a cena Heavy Metal nacional não viverá, como já não vive e nem nunca viveu, apenas de Angra e Sepultura como menciona o Edu Falaschi em seu depoimento. Elas são nomes fortes do Heavy Metal brasileiro? Sim, mas não as únicas que existem.

Quero finalizar dizendo para os leitores do blog, que se queremos alguma coisa, reconhecimento, o fim do preconceito contra músicos e fãs de Heavy Metal, não adianta nada ficar em casa baixando músicas e batendo cabeça sozinho.

Força para todos nós, pois como uma galera anda postando nas redes sociais que o Heavy Metal nacional morreu, sugiro que COMPREM OS CDS DAS BANDAS CITADAS ACIMA, e ouçam, então vejam se continuam achando que o Heavy Metal nacional morreu mesmo.

Algum dia teremos que nos unir para fortalecer o Heavy Metal no Brasil, pois como já dizia uma banda com integrantes indo-luso-afro descendentes "...lutamos pelo Metal..."

Obrigado
Mauro B. Fonseca

PS: Aproveito para abrir espaço para as bandas nacionais que quiserem mandar material para resenha, notícias sobre shows, gravações e promoções relacionadas a cada uma, que entrem em contato pelo e-mail: truemetalbrazil@gmail.com.

Um comentário:

  1. A falta de compra de CDs vem da falta de conscientização dos fãs... nos anos 80 lembro bem de gravar fitas K7 de um LP novo. Cópia só virou pirataria agora porque no meu tempo isso era comum e você poderia ir até nas lojas de discos e fazer cópias em K7 em alguns casos. O problema hoje é que com a globalização e o formato digital o acesso é muito mais fácil... e quem vai esperar chegar CD na loja a preço alto? Hoje você consegue um CD recém lançado ou até antes do lançamento com o mesmo esforço que levanta pra pegar água na geladeira. O que falta é inteligência pra explorar a nova realidade e se adequar a ela e tirar proveito. antigamente muita banda ficava no escuro e dependia de grandes produções pra se lançar e aparecer, hoje em qualquer estúdio caseiro as bandas conseguem fazer material e com a "maldita" internet eles chegam a qualquer ponto do planeta, a qualquer possível fã não dependendo de incentivo, dinheiro... Essa realidade da falta de venda de CD tambem atinge bandas gringas, só ver a quantidade des shows ao vivo e os preços exorbitantes cobrados... vi Aerosmith em 2007 por 70,00 e em 2010 custou 500,00... hoje qualquer show de fora custa fácil entre 250,00 3 600,00... até pista VIP foi criada pra quem está disposto a gastar dinheiro. Essa é a nova forma das bandas conseguirem se sustentar, não dá mais pra gravar em estúdio e ficar em casa esperando ficar milionário. Sinceramente eu não uso nenhum dos meus CD players há séculos, o som super potente que possuo só uso agora ligado ao PC ou MP3 player. Possuo uma vasta coleção de CDs e Vinis, sou louco por vinil e até hoje quando posso compro (e isso não ajuda em nada às bandas). O mundo musical precisa mudar, é fato que a esmagadora maioria ouve musica em formato digital e CD apesar de ainda vigorar não é usado, o negócio é achar novas formas de conseguir reconhecimento monetário pelo trabalho desenvolvido e tranformar o mercado. Como fã venho pagando muito caro pelos shows das bandas que gosto e assim acredito fazer minha parte, há uns 5 anos não tenho realmente a mesma motivação de comprar CDs como antigamente apesar de ser colecionador. Se no passado tínhamos 10 lançamentos num mês hoje temos 200 e fica muito difícil sair comprando material novo de bandas que estão surgindo... a internet e o formato digital vieram pra ajudar, cabe às bandas e envolvidos achar meio de ganhar dinheiro na nova realidade e aos fãs mais compromisso, e já estão bem atrasados.

    David Marques Vieira Fortes

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