sábado, 10 de dezembro de 2011

Resposta ao comentário do Post sobre Edu Falaschi...

Estou utilizando uma postagem para responder ao comentário do David Marques Vieira Fortes, no post sobre o desabafo do Edu Falaschi, precisei porque a minha resposta ficou muito grande e excedeu o limite de 4.096 caracteres (quem será que faz os cálculos de caracteres que um comentário pode ter?), portanto segue abaixo a minha resposta:

Caro David, usei da mesma técnica para responder seus comentários, assim como usei para escrever o post "Edu Falaschi e seu desabafo... O Heavy Metal nacional está realmente morto?", ler, reler, pensar, refletir, só então escrever uma resposta, então vamos lá:

Pirataria sempre foi e sempre será pirataria, para continuar a resposta precisamos definir alguns termos, o primeiro deles é pirata, que é definido no dicionário da língua portuguesa como: sm (gr peiratés) 1 - Indivíduo que pratica a pirataria; ladrão do mar. 2 - Dir Embarcação não submetida às leis do país nem às convenções internacionais, que no mar ou na costa acomete pessoas para se apoderar dos seus bens. 3 - fig Aquele que enriquece à custa de outrem. 4 - por ext Ladrão. 5 - Indivíduo conquistador, sedutor. 6 - Tratante, malandro, espertalhão. s m+f gír Pessoa que pratica a pirataria, acepção 3. adj gír Obtido através da pirataria: Cópia pirata.
 
Logo se percebe pela definição que não se trata de uma pessoa de boa índole, logo seus atos não devem ser assegurados por lei, então vamos para o segundo termo, pirataria, que é definido no dicionário da língua portuguesa como: sf (pirata+aria) 1 - Dir Assalto criminoso, no alto-mar ou na costa, praticado pela tripulação ou passageiros de um navio armado, de existência clandestina, contra outro navio, para se apoderar de sua carga, bens, equipagem ou passageiros. 2 - por ext Extorsão, roubo. 3 - gír Ação ou efeito de piratear, acepção 3. Termos definidos, vamos checar seus comentários:
“...nos anos 80 lembro bem de gravar fitas K7 de um LP novo. Cópia só virou pirataria agora porque no meu tempo isso era comum e você poderia ir até nas lojas de discos e fazer cópias em K7 em alguns casos.”

Na concepção da palavra, copiar vinil em fitas K7 constituía ação ilegal, enriquecimento à custa de outrem, roubo, cópia pirata, portanto pirataria. Pode ser que na década de 80 não tivesse esse nome, mas eu também vivi nessa época e se me lembro bem, a galeria vivia sempre cheia de policiais a procura deste tipo de “comércio”. Havia até boatos de que a "Woodstock" fechou por causa de processos instaurados por gravadoras e seus representantes, mas como disse, foram boatos não posso provar nem negar nada.

Naquela época esse tipo de pirataria também gerava imensos prejuízos para a indústria musical, quantos de nós não compramos fitas demos de bandas que amávamos? Quantos de nós não tínhamos dinheiro para comprar o vinil e mandávamos gravar as “malditas fitinhas”? Tenho até hoje a fita demo do Metallica, conseguida com muito sangue, suor e lágrimas (dos caras do Metallica é claro) em uma loja na galeria. Agora imaginem como teve gente que lucrou com isso.

Vamos imaginar que um vinil tivesse uma hora de música, desse vinil, um lojista organizado poderia fazer 24 cópias por dia de um único vinil, vendendo as fitas K7 ele continuava com o original para fazer novas cópias, lembro também que em algum momento inventaram gravadores que possibilitaram gravar de fita para fita na metade do tempo, acabavam de duplicar a quantidade de cópias que cada lojista podia fazer em um único dia.
 
Eu concordo com você quando diz que:
“.... O problema hoje é que com a globalização e o formato digital o acesso é muito mais fácil...”

Realmente é muito fácil conseguir os CDs de qualquer banda hoje em dia, nem vou dar uma de hipócrita e dizer que nunca baixei nenhum CD, até porque fiquei 5 anos desempregado, mas que as bandas perdem com isso, elas perdem sim. O rendimento de uma banda sempre foi calculado pela quantidade de CDs que ela poderia vender, porque acha que inventaram os prêmios de vendagem de álbuns? Disco de platina para o senhor Bruce Dickinson porque ele é legal, tem uma boa mira na brincadeira da pistola d’água nos parques de diversão e além de tudo tinha a franja mais “cool” da década de 80. Claro que não! Disco de platina porque vendeu “nãoseiquantos” milhões de cópias junto com o Iron Maiden por diversas vezes. Sem contar as nossas milhões de “malditas fitinhas”.

Agora quanto a gravadora ganhou com isso? Quanto a banda ganhou com isso? Muito, eu tenho certeza! Imaginem só um prêmio “Download de platina”, só para bandas que alcançarem milhões de downloads dos seus álbuns na internet, quem ganhou com isso? Ninguém, então eu acho difícil que ele venha a existir.

Não concordo quando diz que:
“...e quem vai esperar chegar CD na loja a preço alto? Hoje você consegue um CD recém lançado ou até antes do lançamento com o mesmo esforço que levanta pra pegar água na geladeira... Ou “...Se no passado tínhamos 10 lançamentos num mês hoje temos 200 e fica muito difícil sair comprando material novo de bandas que estão surgindo”.

O preço do CD está caindo há tempos, desde que inventaram o CD o preço só desce (não estou me referindo a edições especiais, edições de luxo, ou qualquer coisa do tipo), na galeria é possível comprar CD de excelente qualidade por valores a partir de R$ 15,00 (Slasher é um excelente exemplo), então como isso pode ser considerado caro?
Porque como você mesmo diz:
“...vi Aerosmith em 2007 por 70,00 e em 2010 custou 500,00... hoje qualquer show de fora custa fácil entre 250,00 a 600,00... até pista VIP foi criada pra quem está disposto a gastar dinheiro.”

Como alguém disposto a gastar em uma única noite até R$ 600,00 (fora transporte, comida, água, refrigerante, cerveja, camiseta, etc) e não pode comprar CDs por R$ 15,00, R$ 20,00 que sejam R$ 30,00? Façamos uma conta rápida, ao invés de ir a um show, gastando R$ 600,00, seria possível, se a minha matemática não estiver errada, comprar 20 CDs de R$ 30,00; 30 CDs de R$ 20,00 ou ainda 40 CDs de R$ 15,00. É CD pra caraca. Duvido que dos 200 lançamentos que citou nos seus comentários, todos eles sejam excelentes álbuns e mereçam ser comprados. Qual fã de Metallica comprou o “Reload”? Assim como quando existiam apenas 10 lançamentos por mês, nem todos eles mereciam ser comprados.

Porque acha que as bandas “gringas” estão inundando as nossas paragens com shows? Porque elas são legais? Porque realmente se preocupam com os fãs brasileiros? Pode até ser que algumas realmente gostem de vir para cá, mas a grande maioria está vindo para cá por causa da grana que nós, brasileiros carentes por tanto tempo de shows de qualidade, estamos dispostos a pagar. E não são só as bandas de Heavy Metal que pensam assim. Como você mesmo disse.

Agora eu tenho que concordar com você em vários pontos do seu comentário, como:
“...O que falta é inteligência pra explorar a nova realidade e se adequar a ela e tirar proveito. antigamente muita banda ficava no escuro e dependia de grandes produções pra se lançar e aparecer, hoje em qualquer estúdio caseiro as bandas conseguem fazer material e com a "maldita" internet eles chegam a qualquer ponto do planeta, a qualquer possível fã não dependendo de incentivo, dinheiro...”

Ou quando diz:
“...O mundo musical precisa mudar, é fato que a esmagadora maioria ouve musica em formato digital e CD apesar de ainda vigorar não é usado, o negócio é achar novas formas de conseguir reconhecimento monetário pelo trabalho desenvolvido e tranformar o mercado...”

Ou ainda:
“...a internet e o formato digital vieram pra ajudar, cabe às bandas e envolvidos achar meio de ganhar dinheiro na nova realidade e aos fãs mais compromisso, e já estão bem atrasados...”

Isso só demonstra que apesar de discordarmos em alguns pontos, tanto você, eu e muitos dos leitores do True Metal Brazil pensamos que falta, e muita, união entre os fãs de Heavy Metal no Brasil.
“... Sinceramente eu não uso nenhum dos meus CD players há séculos, o som super potente que possuo só uso agora ligado ao PC ou MP3 player. Possuo uma vasta coleção de CDs e Vinis, sou louco por vinil e até hoje quando posso compro (e isso não ajuda em nada às bandas)...”

Assim como você eu também quase não ouço meus CDs, todos temos computadores e MP3 players ou iPods à disposição para tocar música por dias sem ter que trocar o CD, mas mesmo assim eu compro CDs quando posso, e isso ajuda sim as bandas, principalmente por que como você mesmo disse a internet veio para ajudar, as bandas podem gravar seus álbuns em casa e vender para o mundo todo, logo, não há intermédio de gravadoras, empresários, intermediários, etc, então quando compramos um CD, ajudamos diretamente a banda e o comércio local.

Achei ótimo esse seu comentário, espero que possa ler a minha resposta e que possamos trocar mais discussões como essa.

Divirtam-se
Mauro B. Fonseca

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